Vou contar uma historinha real pra vocês. Eu lembro que quando o meu tripé chegou, eu fui toda feliz mostra-lo pra minha mãe na cozinha, parecia uma criança feliz com seu presente de natal. Depois de mostrar como ele abria, como se mexia nele. Eu virei pra ela e fiquei toda sorridente, é claro não me esquecendo de lhe mostrar minha bag. E lá estava eu toda distraída com a minha felicidade, quando minha mãe interrompeu meus devaneios dizendo:

Mãe: Você sabia que eu queria fotografar um dia. E eu meio que fiquei viajando tentando captar se realmente eu tinha escutado ela falando aquilo.
Eu: como assim? Você queria fotografar.
Mãe: é verdade, eu queria fotografar, e até pensava em fazer o curso do Instituto Universal Brasileiro. Quando eu percebi que realmente ela esta falando a verdade, me lembrei de todas as vezes que ela brigou comigo por causa dos meus livros de fotografias comprado em uma livraria de livros usados. Fiquei pensado nas vezes que ela brigou comigo porque eu queria muito comprar uma câmera, e até da vez que ela discutiu comigo dizendo que era uma perda de tempo e perda de dinheiro, para comprar meu tripé e minha bag.
Eu: mãe, mas porque você não fez isso? Você queria ser fotógrafa profissional?
Mãe: Não fiz, porque era só uma vontade que depois passou. Não, não queria ser fotógrafa profissional, só queria fotografar.
Eu: mas pelo menos você tentou antes de desistir, de perder o interesse?
Mãe: não, eu nem tentei, nenhuma vez.

Acho que minha cara virou uma expressão decepcionante, porque era assim que eu me senti, decepcionada. Mas fazer o que as coisas seguem seus ritmos normais, e quem faz nossa história de vida, somos nós mesmos, que escolhemos que caminhos seguir. Eu achava que ela deveria ter tentado antes de desistir, nem que fosse um pouquinho só.